Psique . Corpo . Terra

Na viagem imanente da cartografia Eco-Mitológica entramos por três portas. Cada uma destas três portas, por sua vez, desdobra-se em múltiplas entradas, alçapões, passagens e portais.

🚪 As três entradas são:

– A porta da Psique Mítica que trabalha as paisagens e lugares arquetípicos nas imagens vivas da imaginação, sonhos e dos símbolos da Alma Ecológica.
– A passagem do Corpo Presente que nos acorda para a interopção da ecologia corporal, das várias paisagens somáticas e biológicas que compõem a nossa identidade.
– O portal da Terra Sagrada que nos abre ao contacto com as paisagens, ecologias e biomas dos lugares vivos e complexos que habitamos, nos seus vastos ciclos e movimentos.

Estas três dimensões entrelaçam-se e trabalham todas ao mesmo tempo. Isto quer dizer que não temos de disponibilizar primeira psique ou corpo para a seguir nos inteirarmos das vozes da terra. Não há uma sequência linear!

Porque, na verdade, estes processos acontecem ao mesmo tempo, em diferentes velocidades, ritmos e profundidades. Sempre de forma entrecruzada, entre Psique Mítica, Alma Ecológica, Corpo Presente e Lugar Sagrado. Esta é uma cartografia de profundas e várias relações tão viscerais como emocionais. Tão singular e única como comunitária e banal -fertilizações entre mitologia, psicologia e ecologia.

A Psique Mítica relaciona-se com a percepção, a afinação porosa e arracional (a meio caminho entre o racional e o irracional), da sensação da textura vibrante da complexidade e das teias interligadas sempre em mutação. A Psique Mítica apreende, partilha e exprime a vibrante complexidade relacional e contextual pelos meios necessários – arte, dança, poesia, conversas –, sem considerações hierárquicas de formas “puras” ou “inferiores” da compreensão da realidade. A Psique Mítica forja um parentesco transcontextual, e o modo de percepção e relação para/com o Self Ecológico. É necessário escolher o lado “errado” da encruzilhada, transgredir e ir no sentido oposto, pois de outra forma não encontramos o fio, a memória ou a melodia da Alma Ecológica e da Psique Mítica.

Como escrevi aqui: “Os Mitos são uma Família Complexa – Os Mitos são também pontes de parentesco com o mais-que-humano, ligam-nos ao mundo imanente, ao sagrado, à biologia, topografia, meteorologia, geografia e aos espíritos. Lembram-nos das conexões com os antepassados. Recordam-nos oportunidades de conexão profunda, dentro e fora de nós. Lembram-nos dos encontros profundíssimos que nos mantêm em relação, como símbolos que herdamos colectivamente, seja em termos sociais, humanos ou ecológicos.”

{Imagem: Árvores e arbustos tratados cultivados em terreno aberto. França por Pierre Joseph Redouté. Original da Biblioteca Pública de Nova Iorque.}

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Peregrinações caleidoscópicas em profundidade, às raízes da identidade moderna, em todos os seus preconceitos, intrínseca violência e absurdas limitações. Diferentes jornadas de amor pela poesia da complexidade, da diversidade e da metamorfose. Tecelagens de histórias vivas que nos recordam do que esquecemos, da sacralidade do chão e da Vida. Complementos ao vício da transcendência, em rigor e responsabilidade.