Loja da Serpente da Lua

Mistérios subterrâneos primordiais da mitologia ibérica, paisagens internas e externas, narrativas ecológicas simbióticas, eco-mitologia, arte e escrita.
*Homenagear hystera. Recordar a capacidade de resposta. (des)aprender em conjunto.

Cada livro, sonhado, escrito e paginado por mim, é um convite a vaguear intencionalmente pela geografia mítica dos contos, histórias, sonhos, imaginação e memórias. Mas também do corpo e do inconsciente, em rigor e responsabilidade. Este é um lugar sagrado de fabulações criativas e arracionais.

A descida iniciática aos mundos sagrados infernais e subterrâneos faz-se numa relação profunda com os ciclos do cosmos e as idades da terra. A integração das estações do ano ou das fases da lua, tal como as memórias milenares das pedras minerais, abrem fendas para outras narrativas, bastando para isso ouvir as histórias em plena presença e de coração aberto.

Somos cartógrafos do território ancestral, dos rituais sagrados e dos arquétipos primordiais. Invocamos vários seres primevos da mitologia selvagem ibérica para nos ajudar a sentir, compreender e pertencer numa profunda alquimia generativa, sempre ecossistémica e visceralmente viva e contextual.

Escrever é como tecer. Ritualmente passando fios de palavras vivas pela trama de conceitos e ideias. Uma e outra vez. Uma e outra vez, até que a junção de vários fios faz emergir cartografias, e diversos padrões do território de cada livro. Tal como numa peregrinação, não se sai incólume de escrever, pois cada palavra abre fissuras por onde podemos aceder a outras camadas, às escondidas e invisíveis. Mas também às extáticas e revelatórias. A tecelagem da escrita deixa-me vulnerável e de coração nas mãos, sem pele, pois enquanto um livro vivo está a ser tecido, a sua alma entrelaça-se nos meus sonhos e o dia-a-dia. Carrego-o a cada momento, e o registo de cada livro segura-me aqui. Aqui. Escrever é como nos entregarmos à tecelagem da Vida, com coragem e carinho. E nunca, nunca, sabemos onde vamos parar a seguir.

Carolina Mandrágora

Carolina Mandrágora

Sensitive Artist & Illustrator

Encontro poucas pessoas que sejam uma referência para mim na maneira como caminham e comunicam com físico e metafísico. A Sofia para mim é uma delas, e a gratificação é que é portuguesa e é altamente acessível e humana. Do que leio, do que estudei, do que criamos juntas, do que conheço e testemunho, a sua humildade em questionar, desconstruir e sonhar, é inspiradora. Todos os temas que levanta são altamente relevantes e revolucionários. Não nos oferece fórmulas mágicas, mas aponta-nos por caminhos antigos, muitos deles silvosos e escuros, pouco caminhados por humanos contemporâneos, mas que são iniciáticos e regenerativos da terra e do coração. Não poderia aconselhar mais o trabalho desta Mulher.
Obrigada Sofia por tanto e por tudo.

Samuel F. Pimenta

Samuel F. Pimenta

Escritor e Activista

Já o fiz noutras ocasiões e gostaria de o reforçar: o trabalho que a Sofia Batalha desenvolve é das coisas mais valiosas com que me cruzei nos últimos anos, partindo do que há de mais ancestral na cultura portuguesa, colocando-o em diálogo com outros pensadores e pensadoras internacionais e dando pistas de como criarmos alternativas ao sistema necro-capitalista que se impôs sobre nós. Para mim, é das pensadoras portuguesas fundamentais deste tempo em que vivemos, pela coragem das perguntas que faz e pela interseccionalidade com que aborda todas as questões que levanta. Mas deixo o aviso: se vão à procura do pensamento racional cartesiano – que apesar de ter o seu lugar, se tornou tão dominante que nos sufoca -, não é isso que vão encontrar. A proposta da Sofia é outra. E ela faz jus ao nome que tem.