Referências na Imprensa

Revista Caliban

Centro Nacional de Cultura – E-Cultura

Um enorme agradecimento ao Samuel F. Pimenta pela elaboração do Press Release.
Podem encontrar o trabalho dele aqui: https://samuelfpimenta.com/

Temas abordados no livro:

Mitos da psique moderna, resgate de antigas formas de parentesco e diálogo.

Prefácio — O Verbo e o Afecto ao Mais-Que-Humano

Encruzilhada — Escolher o Caminho Errado

O Santuário — História

Espelhos — Armadilhas da Modernidade

Cega — Visões de Fogo

Surda — Inspirações do Vento

Muda — Vozes da Água

Metamorfose — Acolher e Participar no Diálogo

O Santuário  Ensaios sobre Eco-Mitologia

👉 Lançamento – uma conversa entre Ana Alpande e Sofia Batalha.

Não existem muitos livros que nos convidem a adentrar a metafísica do mais-que-humano que nos habita, imaginando as possibilidades da presença radical no corpo das coisas, aquilo que somos dentro, mas que também nos tece desde fora, num constante gerúndio — movimento entrópico (vir-a-ser) e ao mesmo tempo sintrópico (sendo). Agradeço a singularidade desta experiência.

Encontrei nestas páginas o elixir da velha, que abre a visão aos mistérios da vida e do território, relembrando, apesar dos séculos de esquecimento, que somos teia viva: relacional, orgânica, química, mítica e biológica. Confesso que a minha alma tem sede destas leituras disruptoras, que estimulam os circuitos neurais a viagens mais inclusivas e cumpridoras das várias inteligências que temos, tantas delas preciosamente mais-que-humanas.

Ana Alpande

Artista, Astróloga, Terapeuta de Trauma e Contadora de Histórias, Autora do Prefácio

“Quando é que nos esquecemos de que tudo na Terra está entrelaçado, dos rios à comida que comemos, das montanhas às casas que erguemos, do ar à água que bebemos, da floresta à horta que plantamos, do lobo ao ovo na capoeira, da abelha aos frutos na mercearia, da bactéria à chuva que rega a terra, da paisagem à forma como imaginamos, do movimento dos astros à forma como rezamos? Tudo, absolutamente tudo é interdependente neste planeta. Por isso as culturas originárias, vulgo indígenas, sacralizaram a vida, porque sabem que sem deuses não há pedras, sem pedras não há florestas, sem florestas não há chuva, sem chuva não há alimento, sem alimento não há comunidades humanas e não humanas, sem comunidades não há Terra. É uma teia. E se se rompe um fio, rompe-se a estrutura. Mas nós, que criamos, que nos revoltamos, que choramos, que sonhamos, que oramos, que fazemos conjuros, que curamos, que cultivamos, que lembramos… Nós podemos, quais aranhas, tecer novos fios para compor de novo a teia. E assim relembrar que o Santuário somos Nós. Não eu nem tu, perdidos no delírio individualista da pós-modernidade. Mas Nós-húmus, Nós-placas-tectónicas, Nós-humanos, Nós-ventos, Nós-líquenes, Nós-toupeiras, Nós-larvas, Nós-florestas, Nós-peixes, Nós-abissais, Nós-água, Nós-todos, Nós-Terra. Cada milímetro deste chão, cada poro, cada átomo. O Santuário somos Nós.”

É este texto uma brevíssima reflexão deste livro escrito pela Sofia Batalha, “O Santuário”. Um livro sobre descolonização, trauma, ecologia, eco-mitologia, eco-psicologia e tantas outras coisas sem nome, que reflecte sobre o nosso tempo, em que o abuso, a violência e a cultura do belicismo e da morte dominam. A partir de personagens e lugares da mitologia e do folclore português, Sofia Batalha traça um percurso iniciático por escrito para devolver-nos a consciência de que precisamos do pensamento subjectivo, mitológico e onírico para resistir e, acima de tudo, relembrar quem somos e para onde queremos ir. Porque há esperança.

Já o fiz noutras ocasiões e gostaria de o reforçar: o trabalho que a Sofia Batalha desenvolve é das coisas mais valiosas com que me cruzei nos últimos anos, partindo do que há de mais ancestral na cultura portuguesa, colocando-o em diálogo com outros pensadores e pensadoras internacionais e dando pistas de como criarmos alternativas ao sistema necro-capitalista que se impôs sobre nós. Para mim, é das pensadoras portuguesas fundamentais deste tempo em que vivemos, pela coragem das perguntas que faz e pela interseccionalidade com que aborda todas as questões que levanta. Mas deixo o aviso: se vão à procura do pensamento racional cartesiano – que apesar de ter o seu lugar, se tornou tão dominante que nos sufoca -, não é isso que vão encontrar. A proposta da Sofia é outra. E ela faz jus ao nome que tem.

Samuel F. Pimenta

Escritor e Activista

Comecei a ler este livro há meses. E só o terminei agora. Porque o fui saboreando, voltando para trás, re-lendo. Fui fazendo pausas para deixar sedimentar os convites, as evocações e os sonhos que surgiram depois de o ler.
É um livro tanto mais importante e urgente quanto menos imediato de entender, porque entender não é o verbo adequado. Implica o esforço de entrar num desfoque mental onde a lucidez e a verdadeira vista surgem. É uma exploração de significados estratificados no tempo, uma arqueologia dos mitos que evocam o tempo em que a humanidade sabia ser parte integrante do mundo natural, dos animais, das plantas, das pedras, dos agentes atmosféricos, das estações, dos ciclos da lua e de tudo o que vive e existe.
É um chamado ao regresso à Casa, ao sentido de pertença e união, pela desconstrução da hipertrofia mental que nos deixa isolados, impotentes mas destruidores.
Obrigada Sofia!

Antonella Vignati

Fundadora e coordenadora da Escola Saúde Integral da Mulher

Um livro que me fez viajar nas escolhas das encruzilhadas da vida, visitando os meus santuários próprios, internos, que me mostra ao longo dos caminhos possíveis várias inspirações, tomadas de consciência, aqueles momentos “há há” do cair da ficha de algo que estava mesmo “debaixo da língua”. É transformador e causa metamorfoses de vária ordem a cada leitura dentro dos círculos que vai descrevendo ao longo dos ciclos.

Maria João Lucas

O Santuário poderia ter muitos nomes. A Sofia chama-lhe, carinhosamente, o livro-amuleto. Mas o meu coração diz-me que se assemelha mais a um livro-bussola. Pode também ser um livro-astrolábio, um livro-mapa ou um livro-binóculo. Em todas estas designações reside essa característica fundamental de através dele podermos ver, intuir e mesmo percorrer um caminho. Um caminho que se faz através de um rasgar do tecido ocidental, o nosso modo de pensar e agir sobre o mundo que, insistentemente, queremos tornar hegemónico. No capítulo dos Espelhos vemos refletidas todas essas crenças que se cristalizaram em leis e se tornaram grilhões. Séculos de narrativas individuais e coletivas transformaram o ocidente neste território árido, silencioso e mudo.
Não é sem dor que se lê o Santuário, não encontramos nele o Jardim do Éden. Faz lembrar um pouco os filósofos do existencialismo absurdo, onde a vida desemboca no abismo, não nos restando mais nada a não ser chorar. No Santuário vemos o absurdo da existência neste território desértico onde caminhamos silenciosos, sós e obedientes.
Mas, através da escrita da Sofia sentimos uma mão que nos toca no escuro e nos guia, enquanto tropeçamos e desejamos que a viagem termine. Aprendi que há uma relação Sofia-livro-Dulcineia, onde através do sacrifício dessa árvore que o compõe posso entender a sua dádiva.
A voz da Sofia derramada nestas páginas é tão bela quanto útil e espero que muitas pessoas a ouçam e entre os tropeções e calor da viagem cheguem finalmente a casa.

Dulcineia Pinto

Terminei ontem, finalmente, a leitura do seu livro, muito emocionado e impactado. Sobre o livro, é para ler e reler… Que pesquisa incrível, que reflexões contundentes, quão importante esse “pós-ativismo” que pode provocar trincas no grande sistema que ameaça a vida…

Carlos Solano

O Santuário

Ensaios sobre Eco-Mitologia

Prefácio de Ana Alpande

Edições Mahatma

A Eco-Mitologia fala do entrelaçamento essencial entre Ecologia e Mitologia.

A Ecologia como os conjuntos interdependentes, simbióticos e dinâmicos dos múltiplos sistemas vivos que nos dão vida — das paisagens aos animais, passando pela meteorologia e os ciclos. A Mitologia como as linhas matriz — codificações oníricas, simbólicas e metafóricas — das histórias ancoradas pelo corpo, através do mais-que-humano e dos lugares.

O território da Eco-Mitologia é sagrado, tão antigo quanto novo e, estes ensaios, pretendem questionar quem somos, para que voltemos inteiros, íntegros, híbridos e diversos. Abrimo-nos a um colo quente e imanente pleno de histórias e sussurros, tocando noutro paradigma de embalo primevo de sustento e nutrição, em diálogo com a sombra e a luz.

Estes vários ensaios são tecidos através de um paradigma e perspectiva eco-mitológica, num convite participativo a uma busca fractal e caleidoscópica em simbiose com o mais que humano, resgatando e recriando ecossistemas poli-vocais de identidade e percepção. A lente eco-mitológica é intimista, animista, complexa e sistémica, onde seres sagrados, antigos e multi-vocais são o próprio sistema ecológico, vivendo e respirando pelos ciclos da terra e da água.

A urgente e lenta tarefa de observar e conectar à mitologia do lugar não é um acto heróico, romântico ou nostálgico. Não tem tempo ou prescrição, sendo uma faina ritual que exige esforço e dedicação, em responsabilidade e devoção. Este relembrar não serve para encontrar essências, purezas, unidade e muito menos “missões nacionais.”

É um labor que expõe os padrões que geram as mono-narrativas-lineares culturais, as transcendentes e envolvidas em excepcionalismo heróico. Por contraste, este é um percurso em humildade e rendição, uma passagem orgânica de membranas e camadas de percepção, uma peregrinação comunitária em profundidade e ternura. Uma humilde viagem à intimidade de quem somos, onde não somos o centro, onde apenas estamos em relação e pertença.