Mitologia Crua

Dissolver os binários, linearizações e absolutismos culturais.

É desafiante, porque a Vida não é apenas lógica ou racional. Abrimos ao desafio da contra-narrativa nos interstícios do mamífero que somos, no luto por não percebermos que fazemos parte de múltiplos sistemas vastíssimos e vivos e que somos singularmente valiosos por isso também.

Mas é tão avassaladoramente difícil conseguir sair dos grilhões de hábitos das nossas neuroses individuais, culturalmente suportadas.

A realidade é que temos incorporado no nosso metabolismo e cognição, respostas e reações perfeitamente normativas e a funcionar em imaturidade de expectativas absolutistas e ilusões de controle.

Mas as linhas da Vida assentam em movimentos emergentes de navegação em águas incertas e muito contrárias à narrativas correntes que nos aprisionam, desgastam e asfixiam.

Que recuperemos o paradoxo e complexidade, que frustra a mente racional que gosta de tudo final, limpo e fechado. Que relembremos o aberto, vivo e emergente, e não domesticado.

Acredito que, nestes tempos violentos e catastróficos que vivemos, é importante recuperar esta sabedoria visceral da complexidade em humildade, para simplesmente honrarmos a Vida que se desdobra muito para alem de nós. Essa é a linguagem dos mitos crus e ecológicos. Mas apela à paciência, pois é de tempo-longo e intergeracional, tão potente como frágil.

🌳 Vários livros de diversos territórios, lugares de resgate da polimorfa Imanência. 

Peregrinações caleidoscópicas em profundidade, às raízes da identidade moderna, em todos os seus preconceitos, intrínseca violência e absurdas limitações. Diferentes jornadas de amor pela poesia da complexidade, da diversidade e da metamorfose. Tecelagens de histórias vivas que nos recordam do que esquecemos, da sacralidade do chão e da Vida. Complementos ao vício da transcendência, em rigor e responsabilidade.