O Santuário – Ensaios sobre Eco-Mitologia

Prefácio de Ana Alpande

Edições Mahatma

E se for o mito que nos observa?

 

Ao contrário das narrativas modernas, que pressupõem que somos nós quem olha, construimos e dissecamos os mitos, interpretando-os e domesticando-lhes o sentido, talvez a forma mais profunda de nos relacionarmos com eles seja deixar que nos vejam, desafiem e desmontem.

Em vez de consumirmos histórias em busca de arquétipos universais ou revelações pessoais, que tal sermos reivindicados pelas histórias que emergem de linhagens específicas, tecidos eco-culturais, ritmos não-lineares?

Talvez o verdadeiro convite não seja descobrir algo sobre nós mesmos, mas entrar no campo relacional do mito como quem é observado, convocado e dissolvido. E se o herói não fosse um indivíduo, mas uma floresta, um vento louco, uma comunidade inteira a tentar não desaparecer? E se o clímax nunca chegasse, porque a história se move em círculos, como as estações, transformando-se ao regressar? E se permitíssemos que os mitos não terminassem — compostando o herói de volta à teia, pedindo-nos não uma resposta, mas uma metamorfose.

Uma e outra vez.

Uma e outra vez.

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