Celebração dos 2 anos do lançamento do livro “Contos da Serpente e da Lua”

Ilustrações de Carolina Mandrágora

Prefácio de Élia Gonçalves

Edições Mahatma

O Santuário dos Monstros

{sonho que deu origem ao conto de Brufe e os Ursos; um sonho intenso e vívido que tive, onde me encontrei no interior do Santuário dos Monstros, sentindo a sua potente respiração e enleio, tal como descrito na experiência de Brufe no interior da anta.}

Sentindo-me frágil e indefesa, deixei-me ser empurrada para dentro do estreito santuário de pedra.

Uma vez lá dentro, o que aparenta ser um pequeno recinto de rocha inerte, começa subitamente a expandir e a contrair, como se respirasse sobre mim. As paredes e o tecto ganham vida e contorcem-se, densas, húmidas e a mudarem de forma. As paredes do santuário são feitas de monstros viscosos, os arcanos deuses da morte e da vida.

Paredes vivas, que exalam um bafo antigo, húmido e quente, retesando e dilatando. Enrijecendo e alargando, puxando e empurrando, contraindo e expandindo. O meu corpo ora a ser apertado num potente abraço, ora a ser revolvido e envolvido nas trevas bailantes. Monstros das sombras a revolverem-se violentamente, enfurecidos e em paz. Sagrados. Serpentes negras como a noite e estreladas como céu, vivas, envolvem-me, apertam-me, espremem-me. “O Santuário dos Monstros”, penso antes de perder os sentidos e acordar.

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Peregrinações caleidoscópicas em profundidade, às raízes da identidade moderna, em todos os seus preconceitos, intrínseca violência e absurdas limitações. Diferentes jornadas de amor pela poesia da complexidade, da diversidade e da metamorfose. Tecelagens de histórias vivas que nos recordam do que esquecemos, da sacralidade do chão e da Vida. Complementos ao vício da transcendência, em rigor e responsabilidade.