Sete Encantadas Senhoras
{folclore das Plêiades}
As Sete Encantadas Senhoras descem como pombas do firmamento.
Sete voltas às sete colinas dão as sete irmãs
Desvendam segredos e mistérios que ensombram a alma
Benzem com água, cinza e pinhos
Purificam com fogo
~
Sete profecias, sete ossos feitos de pó de estrelas
Sete fios de tempo tecidos pelas sete comadres
Sete ritos e sete transformações
~
Sete saias de sete cores
Sete véus aos sete ventos
Carregam sete cestas com figos secos, castanhas, pinhões, cerejas e flores
Enrolados num pano de linho
Conhecem os segredos das panelas de ouro, prata e de peste
Urdem unguentos que saram feridas e mágoas
Bailam a dança das sete rodas
~
Sete encantadas que moldam as rochas e colinas
Sete corpos de estrela, pedra e água
Por sete anos em sete forças se desdobram
Sete léguas em sete horas, sete cadeados que abrem sete portas
Sete feitiços e sete encantos
Trigo nascido, crescido e frutificado, pronto a ser colhido
~
Sete Encantadas Senhoras que à meia-noite dançam
A sete pés seguem as sete irmãs
Os sete mares ali mesmo ao lado
Movendo-se a cada sete ondas
Sete peixes que mergulham e navegam nas sete direcções
Sete sereias banham-se à luz da lua
Sete estrelas brilham na noite escura
Sete pombas voam aos sete ventos
Sete cabras sobem as sete colinas
Sete uvas de um só cacho
~
Sete Encantadas Senhoras que libertam as sete peles
E voltam às estrelas.
Versos soltos de trama animista, da minha autoria, inspirado nos fragmentos tradicionais das Sete Senhoras e das memórias erodidas da ancestral sabedoria calêndrica das Plêiades.
Para saber mais sobre a presença funda e invisível das Plêiades nos contos Portugueses podem ler este artigo.
As Plêiades são descritas em várias culturas. Os celtas chamavam-nas de Tŵr Tewdw; os persas, hindus e urdu chamavam-nas de Parvī; para os havaianos, elas são Makaliʻi; os maoris chamavam-nas de Matariki; elas são o Subaru em japonês e no hinduísmo, elas são as Krittika. Aborígenes australianos, chineses, cherokee, maias, astecas, sioux, entre outros, todos identificam a constelação. São mencionadas em Amós 5:8; Jó 9:9; e Jó 38:31 na Bíblia. Na mitologia grega, as Plêiades eram as sete filhas do Titã Atlas.
No alto dos siete cabeços, estan las siete senhoras, san siete e todas san Santas, todas santas e ermanas, a toda a hora se beim e falam todas las manhanas.
Ao longo da minha pesquisa funda dos fios eco-mitológicos em Portugal, cheguei à conclusão que não restam lendas calêndricas ou topográficas com relação directa à passagem cíclica das Plêiades. Alguns dos erodidos e fragmentados registos que sobram são as várias lendas das Sete Irmãs ou Sete Senhoras, associadas a montes e os seus posteriores santuários. Lendas que apesar de ligadas a montes ou lugares específicos estão completamente traduzidas no Culto Mariano. A minha sugestão é que possamos circular, navegar, peregrinar por estas várias estações tecendo o fio antigo da constelação que carrega uma das lendas mais antigas da humanidade.
Outros Contos
-
Sete Encantadas Senhoras
-
A Ajudante de Dona Loba
-
A Aranha Prometida
-
A Noiva da Noite
-
Canções de Amassar
-
Os contos como mapas para além da psicologia humana
-
A Menina Cabra – Belinda e Benilde
-
As três Senhoras
-
O Sonho da Velha
-
A Última Cabra Brava
-
Contos Antigos para os Tempos Modernos
-
Abismo Ritual
-
A Serpente e a Lua
Outros Contos
-
Sete Encantadas Senhoras
-
A Ajudante de Dona Loba
-
A Aranha Prometida
-
A Noiva da Noite
-
Canções de Amassar
-
Os contos como mapas para além da psicologia humana
-
A Menina Cabra – Belinda e Benilde
-
As três Senhoras
-
O Sonho da Velha
-
A Última Cabra Brava
-
Contos Antigos para os Tempos Modernos
-
Abismo Ritual
-
A Serpente e a Lua
🌳 Vários livros de diversos territórios, lugares de resgate da polimorfa Imanência.
Peregrinações caleidoscópicas em profundidade, às raízes da identidade moderna, em todos os seus preconceitos, intrínseca violência e absurdas limitações. Diferentes jornadas de amor pela poesia da complexidade, da diversidade e da metamorfose. Tecelagens de histórias vivas que nos recordam do que esquecemos, da sacralidade do chão e da Vida. Complementos ao vício da transcendência, em rigor e responsabilidade.