A Imaginação Radical

Um lugar é sempre algo tão rico porque nos acompanha toda a vida e podemos escolher usufruir das suas aprendizagens, significados e sabedoria, pois os lugares são eternamente dinâmicos e daí a importância da imaginação radical.

Hoje em dia a imaginação é uma dimensão da psique e do corpo altamente negligenciada, desvalorizada, invalidada e mesmo invisível. “Estás só a imaginar coisas”.

Nada do que imaginamos conseguimos medir, quantificar ou tocar, logo “não existe”. No entanto, todos sabemos, pelo menos até certo ponto, o quão importante é todo esse mundo misterioso onde residem complexas relações não cartesianas, não mensuráveis ou quantificáveis, mas qualificáveis.

A imaginação é um aliado fundamental, exactamente como algo completamente fora da realidade, “inútil” e desviada dos “factos”.

Como vivemos numa cultura de valores cartesianos – daí também o extrativismo cognitivo (expressão cunhada por Bayo Akomolafe) – desvalorizamos a nossa própria imaginação, pois aprendemos desde pequeninos a calá-la. Todo o processo de escolarização é baseado principalmente em factos, causalidade e linearidade.

Neste contexto cultural pode haver momentos ou pessoas que nos inspirem a nutrir e dar colo à nossa imaginação, mas essa não é a norma.

A questão é que a imaginação, como ferramenta humana de integração, que nos permite ganhar perspetiva sobre as coisas, fora das limitações objectivas.

Muita da nossa sabedoria imanente só é acessível através da imaginação, quando nos abrimos a outras dimensões de sabedoria, reverberação e perceção.