A Cova

Curvada na cova
Joelhos flectidos
Vulva no chão
Agachada
Mãos em concha

Que bebas
Que segures
Que ampares
Que partilhes

Que sulques
Que amanhes
Que tapes

Que semeies

Peito entre as pernas
Pés plantados
Ritmos antigos
Sussurros
Curvada na cova
Mãos em concha

Quanto toleras?
Quanto abarcas?
Quanto silencias?
Quanto ofereces?
Quanto tiras?

Aqui na cova que
Hospeda o incómodo
Na cova que
Acolhe o desconfortável
Aloja o inconveniente

Que cantes
Que uives
Que berres

Aqui, no refúgio onde as contradições se aninham
Curvada na cova
Joelhos flectidos
Vulva no chão
Mãos em concha

O que deixas aqui?
O que levas contigo?

🌳 Vários livros de diversos territórios, lugares de resgate da polimorfa Imanência. 

Peregrinações caleidoscópicas em profundidade, às raízes da identidade moderna, em todos os seus preconceitos, intrínseca violência e absurdas limitações. Diferentes jornadas de amor pela poesia da complexidade, da diversidade e da metamorfose. Tecelagens de histórias vivas que nos recordam do que esquecemos, da sacralidade do chão e da Vida. Complementos ao vício da transcendência, em rigor e responsabilidade.