Pequeno Livro da Imanência

Prefácio de Maristela Barenco

Edição de Autor

Receitas prontas a Usar

Trabalho há vinte anos com lugares e pessoas. Ambos contam histórias. Histórias singulares e únicas que tecem a própria vida. É um diálogo antigo. No entanto, as pessoas pedem-me dicas e receitas de coisas simples que podem mudar no seu espaço doméstico para melhorar a “harmonia”. Seja o que for que isso signifique, pois, a harmonia, é esmagadoramente individual, surgindo do próprio contexto. É claro que faço sugestões, principalmente simbólicas.

Mas não há receitas, não há recomendações gerais que sirvam a toda a gente em todo o lado, a toda a hora. Cada lugar é um ecossistema complexo e multifacetado, o que significa que as observações devem estar sempre atentas ao contexto real e concreto, lugar, estrutura construída, e singularidades de cada habitante no momento específico da observação.

Precisamos de estar e observar, para sentir todas as camadas de vibração e significados que fluem através do lugar. Se dogmatizarmos a resposta, aplicando dicas gerais, ficamos surdos a toda a informação que nos rodeia. Podemos apenas tocar na superfície do que é mostrado, negligenciando os fios invisíveis da consciência à nossa volta. A cura surge a partir das necessidades específicas, da raiz dos desafios enfrentados pelos habitantes.
Normalmente, os clientes ou estudantes ficam frustrados quando sentem que não existem dicas simples para trazer paz às suas vidas. Há, de facto, um absolutismo cultural subliminar e perigoso neste tipo de pensamento (do qual todos fazemos parte), cheio de expectativas de perfeição, tendo direitos para uma boa vida, e um plano de respostas rigorosas, certas e erradas. Mas não há certo ou errado. Há apenas energia. Processos, lacunas, e fluxos. E responsabilidade em acção e co-criação com o que é.

🌳 Vários livros de diversos territórios, lugares de resgate da polimorfa Imanência. 

Peregrinações caleidoscópicas em profundidade, às raízes da identidade moderna, em todos os seus preconceitos, intrínseca violência e absurdas limitações. Diferentes jornadas de amor pela poesia da complexidade, da diversidade e da metamorfose. Tecelagens de histórias vivas que nos recordam do que esquecemos, da sacralidade do chão e da Vida. Complementos ao vício da transcendência, em rigor e responsabilidade.