
Rasgar para continuar
Em 2014, com uma filha de 4 e outra de 1 ano, comecei a escrever o meu primeiro livro. Não sabia como fazer, só sabia que queria registar a minha prática da casa e da vida. Derramei-me e demorei-me. O livro acabou por sair em 2016, em edição de autor, numa coleção de 3 volumes, a Coleção da Casa Simbólica. Apesar de não ter conseguido, já nessa altura queria evitar o termo “Feng Shui” — pois a sua limitada tradução moderna envia-nos para regras dentro de casa, algo que sempre tentei expandir e contrariar, pois esta prática milenar é contextual e ecossistémica.
Muita coisa mudou em mim e no mundo desde aí.
Assumi a real necessidade de me distanciar e sair do mundo do feng Shui, oferecendo outras possibilidades de trabalho, reflexão e prática a quem comigo desaprende. Distanciei-me do termo, mas não dos seus princípios ecossistémicos.
No ano passado fiz um feitiço um ritual de transmutação e metamorfose, conscientemente modificando um dos exemplares do primeiro volume da casa simbólica. Rasguei, cortei, escrevi, colei. Foi um ritual de luto, mas também de abertura, rendição e resgate. Abrindo possibilidades de renovação
para poder respirar de novo, humildemente abrindo-me ao mundo.
