Quando o medo nos entrou
Separou-nos
Esgaçou o parentesco
Diminuiu a relação
Elevou muros e paredes
Ignorou os ciclos
Quando o medo nos entrou
Agarramo-nos a ele como a única realidade
Acomodamo-nos
Domesticamo-nos
Rasgamos as possibilidades de inter-ser
De tão aprisionados que ficamos
Desfiamos e dessacralizamos a Vida
Para nos sentirmos seguros
Abrimos fundos e vastos buracos
Por onde escoaram as afinidades e simbioses
E de onde extraímos convicções rígidas
Mas, restou o medo
Voraz e ensurdecedor
Ficou a amnésia de como participar da Vida
Sobrou o temor e insegurança
Quando o medo nos entrou
A dor e o luto também ficaram
E, para os calar
Engrandecemo-nos
Iludimo-nos da nossa glória
Ostentamos a inteligência
A que trouxe a miragem de conforto e segurança
Mas o desencanto das relações perdidas
Não desvaneceu
Pois quando o medo nos entrou
Perdemo-nos de nós mesmos.
🌳 Vários livros de diversos territórios, lugares de resgate da polimorfa Imanência.
Peregrinações caleidoscópicas em profundidade, às raízes da identidade moderna, em todos os seus preconceitos, intrínseca violência e absurdas limitações. Diferentes jornadas de amor pela poesia da complexidade, da diversidade e da metamorfose. Tecelagens de histórias vivas que nos recordam do que esquecemos, da sacralidade do chão e da Vida. Complementos ao vício da transcendência, em rigor e responsabilidade.