Os ciclos de desaprendizagem

 

O diagrama abaixo explora diferentes fases que, quem interage com as (des)formações, costuma sentir ao longo dos sucessivos ciclos de desaprendizagem, seja em Ecopsicologia ou em Eco-Mitologia. Não quero de todo dizer que todos passamos pelas mesmas fases ou sequer pelo ciclo, no entanto, e ao longo de vários momentos de prática e observação colectiva, sei que este ciclo aparentemente dissonante está genericamente presente.

Trago-o aqui como mapa do processo que possas estar a sentir, se estiveres numa (des)formação comigo. As (des)formações trazem práticas pedagógicas que deslaçam nós de crenças e dogmas invisíveis que tomamos como a normalidade, e isso é desorientador. Que nos demos tempo.

Descrevo brevemente cada momento de dissonância como âncora do processo colectivo, como quem diz “é normal este processo, assim como a presença de sensações ambivalentes”. Costumo dizer que este caminho pede humildade, carinho e paciência, connosco e com os outros.

Sendo um lento labor do coração e do corpo e não da mente abstracta e dissociada.

Que, apesar do desafio, continuemos a perder-nos e a caminhar juntos, entregando-nos à complexidade da vida.

 

1 Choque
2 Negação
3 Frustração
4 Resistência
5 Praticar
6 Resiliência
7 Integração

Choque!

Choque ou surpresa devido ao conteúdo da (des)formação. “Não estava à espera que fosse tão desafiante” - não é, é só a mente a querer controlar o processo. Possível desafio em harmonizar ou encaixar as perspectivas do conteúdo. A bússola interna pode desnortear-se.

Negação!

É possível haver uma tensão por o que está a ser apresentado ser tão diferente das estruturas (invisíveis) habitualmente seguidas. Pode tentar-se rebater e provar o contrário, pois algo tão diferente e dissonante não pode verdade.

Frustração!

Frustração e possível zanga por não conseguir encaixar o novo paradigma ou deflecti-lo completamente. Nesta fase pode resistir-se à mudança ou permitir que esta se desenrole sem tentar controlar o processo. Ou nos entregamos, ou não seguimos.

Resistência!

Ao carregar resistência às diferentes estruturas apresentadas é possível que sinta alguma angústia e falta de energia para seguir o que aparenta nesta fase ser um caminho demasiado exigente, ambíguo, lento e longo.

Experimentar!

Começam a abrir-se fissuras nos dogmas, crenças e negações, zangas e angústias. A ressonância e inspiração funda sentida no início abre espaço à disponibilidade de encontrar novas referências e iniciar novas práticas. Começa a vislumbrar-se ajustes à nova situação.

Resiliência!

Decidimos conscientemente a uma adaptação imperfeita e lenta a uma nova realidade ambígua e viva. É um labor mais afectivo e relacional que apenas intelectual.

Integração

Fase de incorporação do que anteriormente foi chocante ou mesmo negado. Há uma renovação e maturação, assim como um recordar de recursos internos que sempre aqui estiveram. A bússola interna aponta outro norte. E o ciclo vai recomeçar brevemente.

🌳 Vários livros de diversos territórios, lugares de resgate da polimorfa Imanência. 

Peregrinações caleidoscópicas em profundidade, às raízes da identidade moderna, em todos os seus preconceitos, intrínseca violência e absurdas limitações. Diferentes jornadas de amor pela poesia da complexidade, da diversidade e da metamorfose. Tecelagens de histórias vivas que nos recordam do que esquecemos, da sacralidade do chão e da Vida. Complementos ao vício da transcendência, em rigor e responsabilidade.