O Fervilhar

Há um fervilhar 

Uma ebulição arcana

Como o ruído branco do próprio pluriverso

Uma efervescência contínua de devir

Mesmo aqui debaixo dos pés

Um fervor que faz o micélio crescer ao ritmo de batidas dançantes

Um enxame que uiva com o vento

Uma memória onírica de vozes entrelaçadas 

Vestígios das diversas vidas que se tecem e derramam

Que te arrebatam

Há um fervilhar 

Que ecoa em diásporas de tempo e espaço

Sussurrando-te de volta

Contaminando-te

Um formigar que reverbera com o latejar do coração

Relembra

Agita-se

Sustentando a realidade

Mesmo a construida, contorcida e asfixiada

Sente o seu arfar e palpitação

O fervilhar grita

Pulula a cada arrepio

Irrompe pelos passeios

Pára e escuta este contínuo germinar

O potente brotar

Sempre nos limiares e fronteiras

Afinal fugidio

Nunca domado

Luto e amor visceral

Rompe

Rasga

Anseia 

Vibra

Há um eterno fervilhar 

Que te fertiliza

Que te faz e desfaz

E que sempre soube o teu nome.

🌳 Vários livros de diversos territórios, lugares de resgate da polimorfa Imanência. 

Peregrinações caleidoscópicas em profundidade, às raízes da identidade moderna, em todos os seus preconceitos, intrínseca violência e absurdas limitações. Diferentes jornadas de amor pela poesia da complexidade, da diversidade e da metamorfose. Tecelagens de histórias vivas que nos recordam do que esquecemos, da sacralidade do chão e da Vida. Complementos ao vício da transcendência, em rigor e responsabilidade.