Livraria da Serpente da Lua

Mistérios subterrâneos primordiais da mitologia ibérica, paisagens internas e externas, narrativas ecológicas simbióticas, eco-mitologia, arte e escrita.
*Homenagear hystera. Recordar a capacidade de resposta. (des)aprender em conjunto.

Cada livro, sonhado, escrito e paginado por mim, é um convite a vaguear intencionalmente pela geografia mítica dos contos, histórias, sonhos, imaginação e memórias. Mas também do corpo e do inconsciente, em rigor e responsabilidade. Este é um lugar sagrado de fabulações criativas e arracionais.

A descida iniciática aos mundos sagrados infernais e subterrâneos faz-se numa relação profunda com os ciclos do cosmos e as idades da terra. A integração das estações do ano ou das fases da lua, tal como as memórias milenares das pedras minerais, abrem fendas para outras narrativas, bastando para isso ouvir as histórias em plena presença e de coração aberto.

Somos cartógrafos do território ancestral, dos rituais sagrados e dos arquétipos primordiais. Invocamos vários seres primevos da mitologia selvagem ibérica para nos ajudar a sentir, compreender e pertencer numa profunda alquimia generativa, sempre ecossistémica e visceralmente viva e contextual.

Escrever é como tecer. Ritualmente passando fios de palavras vivas pela trama de conceitos e ideias. Uma e outra vez. Uma e outra vez, até que a junção de vários fios faz emergir cartografias, e diversos padrões do território de cada livro. Tal como numa peregrinação, não se sai incólume de escrever, pois cada palavra abre fissuras por onde podemos aceder a outras camadas, às escondidas e invisíveis. Mas também às extáticas e revelatórias. A tecelagem da escrita deixa-me vulnerável e de coração nas mãos, sem pele, pois enquanto um livro vivo está a ser tecido, a sua alma entrelaça-se nos meus sonhos e o dia-a-dia. Carrego-o a cada momento, e o registo de cada livro segura-me aqui. Aqui. Escrever é como nos entregarmos à tecelagem da Vida, com coragem e carinho. E nunca, nunca, sabemos onde vamos parar a seguir.

Susana Cravo

Susana Cravo

Fundadora Kutsaka

O trabalho da Sofia é único e essencial para os tempos que vivemos. A Sofia é para mim a única em Portugal e das poucas dos Autores que sigo, que com muita sabedoria, nos ajuda a resgatar e “mapear” património esquecido, negligenciado e mutilado.
Reconheço-lhe ainda a coragem para este sacro-ofício, que não é glamoroso nem atrativo, quer para a indústria do desenvolvimento pessoal, quer para a cultura de progresso e “bem-estar.
Que possamos continuar a contar com o precioso contributo dela, que nos ajuda a navegar com maior entrega e robustez pela complexidade e turbulência.

Jacqueline Kurios

Jacqueline Kurios

PhD

Sofia convida-nos, a nós modernos, a reconsiderar a nossa relação com a paisagem viva. O convite é um gesto profundo de recuperação da alma, pois as ideologias de negação subjacentes à modernidade não dão crédito a tais histórias; não há visão, afeto ou possibilidade de participação com o mundo não humano ou com as dimensões espirituais que unem todos os mundos. As nossas almas anseiam por percorrer conscientemente as intrincadas teias de relações intersubjectivas que tecem a coerência a partir do caos, enquanto à nossa volta lateja uma ânsia mútua de atenção e vivacidade. Estas histórias estão enraizadas aqui.

Fabrice DuBosc

Fabrice DuBosc

Psicanalista, Autor, Tradutor, Estudos de migração, Investigador de undecommons em psiquiatria de-colonial. Itália

Sofia Batallha escreve com uma dor tão urgente, furiosa e terna pelo estado do planeta, compostando e transmutando velhas cartografias onde os monstros híbridos fazem sentido. A autora reelabora o mito para traçar caminhos metabólicos sensuais de solidariedade na incerteza da nossa situação. A sua solidariedade sensorial com as convulsões da Terra e a metacrise das capacidades humanas é um contributo precioso para o Santuário de narrativas emergentes que podem oferecer sabedoria e culturas alargadas às gerações futuras no fim do mundo tal como o conhecemos.  Um santuário de parentesco transcontextual – em sintonia fina com a pluralidade animada da narração de histórias.

Patrícia Rosa-Mendes

Patrícia Rosa-Mendes

Terapeuta Transpessoal, Instrutora de Meditação, Formadora da EDT - Escola Transpessoal. Autora do livro A Espera da Loba, A Menopausa como Portal Iniciatório. Portugal

Vivemos numa era de perda incomensurável, a tantos níveis; uma era em que a Vida está profundamente ameaçada na sua diversidade. Todos os que habitam esta Terra-Casa, todos os seres, em todos os reinos, nas suas miríades de formas, estão subitamente tão frágeis, ameaçados pela doença que tem vindo a infetar os seres humanos, cegando-os com arrogância e ignorância. Os contornos desta era são míticos e as suas consequências são épicas. Sofia desperta-nos para este mistério que nos tem passado despercebido, mas que nos é tão familiar. Uma história nunca é apenas uma história, e uma paisagem não é uma paisagem de todo. Aprender com a Sofia é descer à terra e ganhar outra perspetiva; olhar para dentro e encontrar o cosmos; desdobrar-se, expandir-se, espalhar-se e entregar-se à Vida.

Melinda Reidinger

Melinda Reidinger

Ph.D., autora de The White Deer: Ecospirituality and the Mythic (RITONA, 2023). EUA

A prosa é poesia; a poesia é filosofia; a investigação é oração (e vice-versa) – e todo o “livro-amuleto” é um encantamento que nos convida a recordar o que perdemos e o que ainda podemos encontrar quando suavizamos as nossas identidades na terra, na água e no céu. Batalha recorda-nos que a nossa psique é fractal e que a imanência se encontra nos verbos – que desdobram incessantemente as suas acções numa profusão complexa – e convida-nos a regressar a um mundo que sempre foi nosso e no qual podemos participar na dança.

Samuel F. Pimenta

Samuel F. Pimenta

Escritor e Activista

Já o fiz noutras ocasiões e gostaria de o reforçar: o trabalho que a Sofia Batalha desenvolve é das coisas mais valiosas com que me cruzei nos últimos anos, partindo do que há de mais ancestral na cultura portuguesa, colocando-o em diálogo com outros pensadores e pensadoras internacionais e dando pistas de como criarmos alternativas ao sistema necro-capitalista que se impôs sobre nós. Para mim, é das pensadoras portuguesas fundamentais deste tempo em que vivemos, pela coragem das perguntas que faz e pela interseccionalidade com que aborda todas as questões que levanta. Mas deixo o aviso: se vão à procura do pensamento racional cartesiano – que apesar de ter o seu lugar, se tornou tão dominante que nos sufoca -, não é isso que vão encontrar. A proposta da Sofia é outra. E ela faz jus ao nome que tem.

Pegi Eyers

Pegi Eyers

Autora de Ancient Spirit Rising: Reclaiming Your Roots & Restoring Earth Community, www.stonecirclepress.com, Canadá

Recuperar o nosso eco-self é o trabalho mais importante do nosso tempo, e libertarmo-nos da psique moderna dissociada é essencial. Com a sua prosa brilhante, a sua erudição e a sua mitopoética, Sofia Batalha tem sido um dos nossos principais guias neste processo.

Sofia descreve a amnésia e a disfunção da colonialidade em grande pormenor e, ao colocar em primeiro plano as histórias e paisagens sagradas de Portugal, descobre os “frágeis fragmentos remanescentes de uma psique europeia responsável e recíproca”.  Em síntese com formas antigas de conhecimento e metodologias indígenas em todo o mundo, Sofia introduz modalidades novas/antigas para viver, tais como a “fenda da psykhē mítica”, a “emergência do corpo presente” e o “portal da terra sagrada”. 

Carolina Mandrágora

Carolina Mandrágora

Sensitive Artist & Illustrator

Encontro poucas pessoas que sejam uma referência para mim na maneira como caminham e comunicam com físico e metafísico. A Sofia para mim é uma delas, e a gratificação é que é portuguesa e é altamente acessível e humana. Do que leio, do que estudei, do que criamos juntas, do que conheço e testemunho, a sua humildade em questionar, desconstruir e sonhar, é inspiradora. Todos os temas que levanta são altamente relevantes e revolucionários. Não nos oferece fórmulas mágicas, mas aponta-nos por caminhos antigos, muitos deles silvosos e escuros, pouco caminhados por humanos contemporâneos, mas que são iniciáticos e regenerativos da terra e do coração. Não poderia aconselhar mais o trabalho desta Mulher.
Obrigada Sofia por tanto e por tudo.

🌳 Vários livros de diversos territórios, lugares de resgate da polimorfa Imanência. 

Peregrinações caleidoscópicas em profundidade, às raízes da identidade moderna, em todos os seus preconceitos, intrínseca violência e absurdas limitações. Diferentes jornadas de amor pela poesia da complexidade, da diversidade e da metamorfose. Tecelagens de histórias vivas que nos recordam do que esquecemos, da sacralidade do chão e da Vida. Complementos ao vício da transcendência, em rigor e responsabilidade.