Se não puderes cuidar
Se não puderes cuidar
Como cuidas de ti?
~
Se não conseguires acarinhar
Como respiras?
~
Pela dedicação e atenção
Que o teu coração se parta em mil bocados
Uma e outra vez
Que cada caco, erodido e partido
Encontre novas formas
E diferentes corpos
Muitas pulsações
Que fazem tremer a tua pele fina e os nossos ossos fundos
~
Para a cada abraço se partir de novo
Rachar e
Ruir
De novo
~
O vento a uivar entre os escombros e vestígios
Espalhando ecos e sementes de antigos sustentos
~
Para cuidar precisamos de levantar os véus da violência e genocídio
Da dor e ecocídio
Colectivamente acolhendo o luto e amor
Envolvendo os fantasmas da devastação
Abraçando-nos na nossa fragilidade
~
Clamando pela vida
Uivando enlaçados
Que o façamos em responsabilidade humilde
Que carreguemos os fardos com os dedos calejados
Que amparemos quem cai
Que nos levantemos em conjunto
Que de tanto esfolar os joelhos abramos o coração
~
Como te responsabilizas por tudo o que não sabes?
Como abraças a vida?
🌳 Vários livros de diversos territórios, lugares de resgate da polimorfa Imanência.
Peregrinações caleidoscópicas em profundidade, às raízes da identidade moderna, em todos os seus preconceitos, intrínseca violência e absurdas limitações. Diferentes jornadas de amor pela poesia da complexidade, da diversidade e da metamorfose. Tecelagens de histórias vivas que nos recordam do que esquecemos, da sacralidade do chão e da Vida. Complementos ao vício da transcendência, em rigor e responsabilidade.