Sabedoria do Susto

 

Entre o canto e sopro

Vive o Susto

O que treme

Que se agarra pegajoso aos ossos

Grita pânico

Corre

Extingue

~

No lamento do Susto

Só a urgência é permitida

Vive no meio dos escombros dos contínuos desmoronamentos

O Susto é antigo e pesado

Anestesia

Mas move-se veloz

Pela pele funda

~

Escolhi abrigar o Susto

Dar-lhe casa

Para que nos co-habitássemos

Como semente e abrigo

Ele chama e canta

Insubmisso

Vivo e fértil

Tem as mãos cheias de cinzas ainda quentes

~

Escuto o Susto não como emergência

Mas como algo que co-emerge

Um broto que cresce lento

Reverente

O Susto vem à tona, convidando a outra postura

A outra escuta

Mesmo aqui neste corpo

~

Afinal há sabedoria no ritmo lento do Susto.

🌳 Vários livros de diversos territórios, lugares de resgate da polimorfa Imanência. 

Peregrinações caleidoscópicas em profundidade, às raízes da identidade moderna, em todos os seus preconceitos, intrínseca violência e absurdas limitações. Diferentes jornadas de amor pela poesia da complexidade, da diversidade e da metamorfose. Tecelagens de histórias vivas que nos recordam do que esquecemos, da sacralidade do chão e da Vida. Complementos ao vício da transcendência, em rigor e responsabilidade.