
Sabedoria do Susto
Entre o canto e sopro
Vive o Susto
O que treme
Que se agarra pegajoso aos ossos
Grita pânico
Corre
Extingue
~
No lamento do Susto
Só a urgência é permitida
Vive no meio dos escombros dos contínuos desmoronamentos
O Susto é antigo e pesado
Anestesia
Mas move-se veloz
Pela pele funda
~
Escolhi abrigar o Susto
Dar-lhe casa
Para que nos co-habitássemos
Como semente e abrigo
Ele chama e canta
Insubmisso
Vivo e fértil
Tem as mãos cheias de cinzas ainda quentes
~
Escuto o Susto não como emergência
Mas como algo que co-emerge
Um broto que cresce lento
Reverente
O Susto vem à tona, convidando a outra postura
A outra escuta
Mesmo aqui neste corpo
~
Afinal há sabedoria no ritmo lento do Susto.
