O vazio atrás do meu coração

 

O vazio atrás do meu coração
Ruge silenciosamente
Com cada borboleta que perde as suas cores
A cada floresta talhada e derrubada

Os fragmentos do meu coração dorido
Estilhaçam-se a cada membro perdido e criança faminta
Com todas as vidas que gritam a violência indizível
Morrendo nos escombros

O meu sangue cheio de microplásticos flui com tristeza por todo o ódio, dominação e controlo que asfixiam a vida

O peso no meu coração pulsa com cada abuso violento de corpos
Carne
Água
Montanhas

O vazio que vive no meu coração
Bate forte
Com cada baleia que se silencia
Com cada coral branqueado

O buraco dentro do meu coração
Pulsa com cada tartaruga ou traça que se perde, atraída pelas luzes erradas
Por cada besouro que perde a Via Láctea
Por todas as estradas que atravessam a floresta

O meu coração bate forte com cada grito invisível e abafado
Mas o meu coração também se lembra
E não vai esquecer

 

🌳 Vários livros de diversos territórios, lugares de resgate da polimorfa Imanência. 

Peregrinações caleidoscópicas em profundidade, às raízes da identidade moderna, em todos os seus preconceitos, intrínseca violência e absurdas limitações. Diferentes jornadas de amor pela poesia da complexidade, da diversidade e da metamorfose. Tecelagens de histórias vivas que nos recordam do que esquecemos, da sacralidade do chão e da Vida. Complementos ao vício da transcendência, em rigor e responsabilidade.