
O monte ainda estava vivo
Não sabia que o monte ainda estava vivo
Não sabia que o chão ainda sentia,
que ainda escutava os passos ou as raízes.
Não sabia que o monte ainda nos carrega ao colo,
aqui, em silêncio.
Não sabia que os pássaros ainda o ouvem e as folhas das árvores recebem a sua força.
Não sabia que o monte ainda sonhava debaixo do alcatrão, cimento e impermeabilização de todas as estruturas que o asfixiam.
Não sabia que o monte ainda vê as estrelas.
Não sabia que ainda respirava o mar.
Daqui, do topo, estava cega para onde os pés pisavam, pois só tinha olhos para a superfície.
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MURTAL — POVOADO PRÉ-HISTÓRICO DE MURTAL
O assentamento pré-histórico de Murtal está localizado na encosta SO da aldeia onde moro. A uma altitude de cerca de 56 m, 700 m a sul encontra-se a baía de S. Pedro do Estoril, e 400 m a oeste a ribeira de Caparide. Faz parte de uma rede local de três complexos funerários: as grutas artificiais da Alapraia, S. Pedro do Estoril e Murtal. O povoado pré-histórico do Murtal terá tido uma longa ocupação entre o Neolítico e o Calcolítico Final/Idade do Bronze Inicial. Vários fragmentos cerâmicos e líticos e fauna pré-histórica foram aqui encontrados.
