O Chão Líquido

A vida tira-nos o tapete

O chão foge debaixo dos pés

Deserta

Desaparece

Desvanece

Os pés dançam pendurados

Sem sustento ou amparo

Deslocam-se sem rumo

Procuram chão

Procuram sempre chão firme.

Mas o chão move-se

Inexoravelmente

O chão líquido

Ondeia

Treme

Serpenteia

Chão ondulante

Respira e desliza

Treme e escorrega

Sintonizamos com o chão em mutação

Tocamos na permanente impermanência

A metabólica matriz fractal

Onde o corpo comunga e se entrega

{porque me afundo num corpo tempestuoso de dez mil toneladas, onde o meu coração se parte e rasga em lágrimas, precisando de tempo para se co-regular novamente; porque o chão líquido ancora-me e permite-me encontrar nutrição no movimento incerto, vago e impreciso; porque as nossas emoções são entrelaçadas e ecológicas e nunca foram só nossas; porque nos precisamos de abrir ao luto comum}

🌳 Vários livros de diversos territórios, lugares de resgate da polimorfa Imanência. 

Peregrinações caleidoscópicas em profundidade, às raízes da identidade moderna, em todos os seus preconceitos, intrínseca violência e absurdas limitações. Diferentes jornadas de amor pela poesia da complexidade, da diversidade e da metamorfose. Tecelagens de histórias vivas que nos recordam do que esquecemos, da sacralidade do chão e da Vida. Complementos ao vício da transcendência, em rigor e responsabilidade.