O Acto Sagrado de Dissolver
O corpo polimorfo dissolve-se e rasga-se.
Transforma-se e desmantela-se.
Dissipa-se
Desamarra
Desmembra
Desintegra-se
O corpo polimorfo precisa de metamorfose para se manter inteiro.
Para se fundir com a Vida.
Para se agregar ao solo.
Para quebrar e emergir.
A metamorfose é inevitável, mas nem sempre temos um casulo.
A vida puxa e empurra
Inexoravelmente
Engole e cospe
Rasga e transforma
Deixando-nos nus e sem pele
Consome e recria
A metamorfose é inevitável, mas nem sempre temos um casulo.
Para nos entregarmos de novo à vida, temos de nos deixar consumir e despedaçar.
Para que a vida nos alimente, precisamos de nos render à metamorfose.
Sem condições
Sem chão
Sem expectativas
Para que a vida nos regenere, precisamos de ser engolidos
Que o façamos no Casulo sagrado
Aquele que nos acolhe e segura quando estamos liquefeitos e sem referências.
O Casulo que nos sustenta enquanto não sabemos quem somos.
De novo e de novo
De novo e de novo
De novo e de novo
Submergindo e emergindo.
Ancorados nas revelações das profundezas dos antepassados e apoiados pela poli-ecologia que nos rodeia.
Que possamos emergir na singularidade sagrada da metamorfose, tocando a Anima, a alma que sabe que pertence à teia da vida.
Porque a metamorfose é o desdobramento da Vida.
🌳 Vários livros de diversos territórios, lugares de resgate da polimorfa Imanência.
Peregrinações caleidoscópicas em profundidade, às raízes da identidade moderna, em todos os seus preconceitos, intrínseca violência e absurdas limitações. Diferentes jornadas de amor pela poesia da complexidade, da diversidade e da metamorfose. Tecelagens de histórias vivas que nos recordam do que esquecemos, da sacralidade do chão e da Vida. Complementos ao vício da transcendência, em rigor e responsabilidade.