
Celebração do lançamento do livro “O Santuário – Ensaios sobre Eco-Mitologia”
Prefácio de Ana Alpande
Edições Mahatma
Neste Dia da Mãe, ajoelhamo-nos com as Comadres.
O meu livro O Santuário, foi tecido segundo o cuidado invisível das mães e comadres.
E este é um dia para honrar não apenas a maternidade biológica, mas as maters da alma, as que guardam os limiares da vida, do sangue, do leite, do corpo e do território. Maternar é também rasgar-se, e mesmo assim oferecer o corpo como abrigo.
Porque nem todas as mães têm filhos e nem todos os filhos vêm do ventre. As Comadres são mães do mundo, as parteiras da vida e do luto, da cozinha e do cosmos, do silêncio e do grito. São elas que cantam para os ossos, que seguram corpos febris, que cozinham silêncio quando a palavra não serve. Hoje, honremos as Comadres que cuidam mesmo sem reconhecimento, que resistem ao culto da produtividade e à pressão da maternidade perfeita. Honremos também as que disseram não, as que abortaram, as que romperam com a culpa, as que gritaram. Que neste Dia da Mãe recordemos as mães esquecidas, as mães silenciadas, as mães cansadas, as mães interditadas.
Neste dia, em vez de flores ou frases feitas, que tal oferecer escuta radical? Que tal lembrar que muitas destas mães e maters atravessam a vida com redes frágeis, quase invisíveis, num cuidado que é permanente e nunca compensado?
Este dia não é sobre flores e frases feitas.
É sobre dizer: chega de romantizar o sacrifício.
É o momento de cuidar de quem cuida.
É o momento de politizar o útero, o leite, a ausência, o corpo exausto.
Porque toda a maternidade é eco de um mundo que ou sustenta a vida, ou a extrai até à última gota.

🌳 Vários livros de diversos territórios, lugares de resgate da polimorfa Imanência.
Peregrinações caleidoscópicas em profundidade, às raízes da identidade moderna, em todos os seus preconceitos, intrínseca violência e absurdas limitações. Diferentes jornadas de amor pela poesia da complexidade, da diversidade e da metamorfose. Tecelagens de histórias vivas que nos recordam do que esquecemos, da sacralidade do chão e da Vida. Complementos ao vício da transcendência, em rigor e responsabilidade.