
Em nome das perdas irreparáveis
Do que se perde e não se substitui
Do que se corta e não volta a crescer
Do que morre e deixa vazio
Do que se afunda e não volta a emergir
Fundo
Do que se rompe sem ser reparado
Do que se rasga sem poder ser cosido de novo
Não volta a pulsar
Não se decompõe
Esgotado
Das coisas que perdemos e que se perderam de nós
~
Hospedar a perda não é fracasso
Abrigar a saudade e o luto é o antídoto da ausência
Dos mundos que perdemos
Das relações extintas
As memórias são ecos do irrecuperável
Honrar o irreparável é sagrar a vida
Acolher o que nos atravessa
Sem pressa de substituir, acalmar ou silenciar
Atender ao perdido
Com o soluço da sabedoria da ternura
Tecemos teias que nos abraçam e cosem de volta
Não silenciar as perdas irreversíveis é a sabedoria da impermanente imanência.
