NOVO! Ciclo de Práticas Eco-Míticas

NOVO! Ciclo de Práticas Eco-Míticas

Início: 7 MAIO, 2025 - Fim: 21 MAIO Horário: 19 - 20h Localização: Online

“Nem todas as histórias querem ser heróicas. Algumas apenas querem brotar entre musgos e não ser colhidas. Outras sussurram debaixo da terra e recusam finais.”

Um convite a sair do roteiro do herói e entrar na espessura dos contos que sabem esperar.
Fabulamos com pedras, fungos, bichos, ausências e silêncios.
Em conjunto com o corpo, o ritmo da terra e com o que nem nunca saberemos.

PODES APROVEITAR O EARLY-BIRD AQUI.

3ªEDIÇÃO! (des)formação - Eco-Mitologia - Edição Especial – 12 Movimentos da Metamorfose

3ªEDIÇÃO! (des)formação - Eco-Mitologia - Edição Especial – 12 Movimentos da Metamorfose

Início: 24 SET, 2025 - Fim: 10 DEZ Horário: 18:30 - 20:30 Localização: Online

Esta é uma edição única e especial – seguimos os fios vivos da metamorfose

Ao longo destes 12 passos, não vais encontrar fórmulas. Vais encontrar fendas, fungos e fricções. Encontras práticas enraizadas, mitos que respiram e perguntas que não se fecham. Um convite a uma jornada eco-mítica.

Porque a metamorfose não é um destino—é um compromisso ao caminho, só possível no colectivo.

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TEMPO DE LEITURA – 2 MINUTOS

Debaixo da Barriga Suave de Inanna-Ereshkigal

{Tecido a partir de dois textos: um mito milenar do submundo e um poema cartográfico}

Debaixo da barriga suave das infra_estruturas, sob os cabos de fibra óptica, as avenidas em linha recta e os edifícios de cimento sempre rigidamente acordados—há uma outra cidade, feita de grutas, fendas e lágrimas fósseis. Lá em baixo, a Deusa Inanna-Ereshkigal escuta o chamamento, um som abafado que vem de dentro e debaixo: o som das dores que não foram choradas, das mortes que não foram metabolizadas, dos ciclos interrompidos em nome do desempenho da superfície.

Ela caminha. Desce. Treme. Cai.
Toca a pedra húmida como quem toca a pele antiga do mundo.
Desorientada, mergulha num labirinto de pedra e vento, onde as estruturas lineares se desmancham e onde o tempo não obedece aos relógios da produtividade.
Ali, cada parede rachada é também uma convocação.
Cada obstáculo uma oferenda.

Inanna deixa para trás os seus símbolos de poder e de identidade cristalizada, a que achava seguir um caminho direito e liso—o anel, o manto, a vara de medição. Também deixamos, um a um, os marcos que nos fazem parecer funcionais neste mundo colonizado pela lógica do sucesso e do progresso.

No fundo do submundo, ela não encontra glória—mas a sua irmã/dupla, Ereshkigal, a deusa negra que grita, grávida do que ainda não nasceu.
Ereshkigal, a Mãe A Parir o que não pode ser apressado.
Ali, sob a crosta das narrativas lineares e ilusoriamente universais, a morte e a vida encontram-se, e a dor é escutada—não para ser calada ou arranjada, mas para ser sentida até se transformar.

As carpideiras ritualísticas—metade sombra, metade oferenda— derramam rios de lamento e grãos de silêncio sobre o corpo-semente da deusa suspensa.
É nesse gesto—compassivo, lento, sem glória—que a nova vida começa.

O renascimento não acontece com esplendor e comemoração, mas com sangue, útero, barro, e um choro que ainda não sabe se é de dor ou de revelação.

Os protocolos do submundo são sabedorias subterrâneas que não se revelam aos apressados, nem se dobram ao brilho da superfície. Os seus critérios são outros: perder para aceder, tremer para recordar, cair para escutar. O mito sussurra o convite, debaixo das infraestruturas modernas: descer, antes de ascender; decompor, antes de produzir: ser atravessada por histórias que nos reclamam, e não apenas aquelas que conseguimos narrar.

Porque a fertilidade — das ideias, das práticas, das relaçõesvem do escuro.
Do que não sabemos nomear.
Do que treme debaixo das fundações.
Do que uiva entre um gemido de morte e um suspiro de vida.

Referências

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🌳 Vários livros de diversos territórios, lugares de resgate da polimorfa Imanência. 

Peregrinações caleidoscópicas em profundidade, às raízes da identidade moderna, em todos os seus preconceitos, intrínseca violência e absurdas limitações. Diferentes jornadas de amor pela poesia da complexidade, da diversidade e da metamorfose. Tecelagens de histórias vivas que nos recordam do que esquecemos, da sacralidade do chão e da Vida. Complementos ao vício da transcendência, em rigor e responsabilidade.