Há muito que esta (des)formação me sonhava. Há muito que me impelia e rasgava. Esta é uma peregrinação visceralmente co-criada pelo território que me envolve. Cartografamos a Alma ao mapear o Lugar.
Uma (des)formação totalmente ‘online’ para cada um poder fazer o trabalho no seu próprio lugar.
Partimos de um chão profundo e animista, voltando à primeva senciência das estrelas, montanhas, árvores e águas, a consciência ecológica e cósmica que tece mitos e fertiliza sonhos. Contamos histórias de cheiros e texturas, contos de cores e sabores, narramos o vento e a temperatura. Cartografamos a pertença, enquanto monstros híbridos nos olham de volta.
Partimos do lugar onde a nossa psique é totalmente enredada com a ecologia mais-que-humana que nos circunda. Fissuramos a individualidade e reconhecemo-nos como holobiontes, seres compostos de diversas comunidades em simbiose. Trazemos as nossas muitas vozes, sem as querer uniformizar, aplacar ou tornar coerentes. Gentilmente tocamos na ferida sem a querer curar, mas escutando a sua sabedoria.
Trazemo-nos mesmo aqui, a este corpo, tempo e território, apesar do luto e da dor, sustemos e ancoramos o desdobramento da Vida.
Pretendemos inscender – ao contrário de ascender, pretendemos voltar ao núcleo –, expandindo as práticas em reverência e revelação, as ancestrais e as emergentes, de ligação aos lugares, ao selvagem e ao corpo-alma, em responsabilidade e criatividade ecológica profunda.
Encontramos uma liberdade profunda na fractura de quem achávamos sermos, ao encontrar talismãs, elixires e encantos ancestrais, de sopro e toque, de memória e emergência. Re-escrevemo-nos enquanto o chão treme.
Para quem é esta (des)formação?
Convido um grupo de mamíferos, humanos, terapeutas, educadores e outros praticantes, para abrirmos um espaço pioneiro de práticas de ligação aos territórios, escutando a sabedoria mais-que-humana que sustenta a metamorfose e a transformação selvagem. Assim (re)criamos colectivamente territórios de responsabilidade e reciprocidade profunda nas práticas singulares de cada um.
Esta é uma convocação para nutrir a relação selvagem e recíproca entre o corpo, a mente e os lugares, aprofundando a relação com a memória ou a melodia da Alma Ecológica e da Psique Mítica. É um percurso para pessoas que se permitam sentir e ser desafiadas em humildade na sua identidade, realidade e forma de estar do dia a dia. Pretende por-nos em causa, para ser possível visionar diferentes possibilidades de ser e estar, singularmente e em comunidade.
Não é um curso de receitas ou formulações fechadas, mas um convite à (re)descoberta da valiosa sabedoria contextual de cada um. Sem prescrições genéricas de como partilhar ou praticar. Sem sobrecarga e inundação de directivas sobre como fazer, permitindo a transformação e a eco-vinculação.
Objetivos subjectivos da (des)formação
- Criar um espaço de relação e oferenda através da sagrada mudança de perspectiva na íntima conexão aos lugares e no sagrar do corpo, nutrida singularmente pela imaginação selvagem.
- Sustentar encontros inquietantes e regenerativos para as perguntas difíceis do nosso tempo – tanto as individuais como as colectivas.
- Resgatar a diversidade e porosidade da identidade, em responsabilidade.
- Mudar de perspectiva e percepção da identidade de individual para eco-sistémica.
- Abraçar a hibridação de cada pensamento, sensação, emoção ou criação como um diálogo recíproco com o mais-que-humano.
- Acolher a sazonalidade pessoal.
- Recuperar ferramentas ancestrais e singulares de vínculo, co-regulação e pertença.
- Cultivar de capacidade de resiliência e vulnerabilidade.
- Recolectar dos vários tipos de inteligência – instinto, intuição e razão. Assim como remembrar as várias camadas sensoriais.
- Abrir à imaginação como activismo de presença e responsabilidade.
- Regenerar a criatividade como processo terapêutico de conexão profunda.
- Praticar a escuta e presença radicais – ouvir sem tentar responder, estar sem pressa ou expectativa.
Datas & Temas
Uma (des)formação totalmente ‘online’ ao longo de 9 semanas. O formato ‘online’ é essencial para todos estarmos no nosso Lugar e assim devotar-lhe atenção ao longo das sessões. Segundas das 18.30h às 20h.
Apesar das sessões serem gravadas, a premissa fundamental é presença síncrona em cada uma.
Abarca a eco-mitologia e ecopsicologia, eco-espiritualidade, pensamento animista sistémico e complexidade, a decolonização, antigas práticas rituais de conexão e múltiplas formas de arte.
Este programa inclui uma sessão privada comigo onde aprofundaremos a tua visão do trabalho e pesquisa da Eco-Mitologia, durante esta sessão, podemos fazer um brainstorming, aprofundar uma ideia específica ou explorar formas adicionais de trabalhar com as suas próprias práticas.
Programa
Sessão 1 – Labirinto de Lama
Sessão 2 – Águas Míticas
Sessão 3 – A Velha das Montanhas
Sessão 4 – Florestas Arcanas
Sessão 5 – Jardins Silvestres
Sessão 6 – Desertos Fractais
Sessão 7 – O Fruto da Gruta
Sessão 8 – Iniciação do Pântano
Sessão 9 – Sabedoria Primeva das Plêiades
Susana Cravo - Fundadora Kutsaka
Reconheço-lhe ainda a coragem para este sacro-ofício, que não é glamoroso nem atrativo, quer para a indústria do desenvolvimento pessoal, quer para a cultura de progresso e “bem-estar.
Que possamos continuar a contar com o precioso contributo dela, que nos ajuda a navegar com maior entrega e robustez pela complexidade e turbulência.
Jacqueline Kurios, PhD
Ana Alpande
Fabrice DuBosc - Psicanalista, Autor. Itália
Karmit Even Zur
As palavras de Sofia fluem com a facilidade de um riacho borbulhante e tornam agradável o passeio ao longo dos muitos pontos de vista e perspectivas que oferece nesta viagem ao tecido da psique ibérica ocidental; dou por mim a tornar-me parte animal, parte deus, parte rocha, à medida que nos movemos através destes territórios psicofísicos.
Melinda Reidinger - Ph.D., The White Deer: Ecospirituality and the Mythic (RITONA, 2023). EUA
Daniela Kato - Ph.D.
Samuel F. Pimenta - Escritor e Activista
Pegi Eyers - Ancient Spirit Rising: Reclaiming Your Roots & Restoring Earth Community, Canadá
Sofia descreve a amnésia e a disfunção da colonialidade em grande pormenor e, ao colocar em primeiro plano as histórias e paisagens sagradas de Portugal, descobre os “frágeis fragmentos remanescentes de uma psique europeia responsável e recíproca”. Em síntese com formas antigas de conhecimento e metodologias indígenas em todo o mundo, Sofia introduz modalidades novas/antigas para viver, tais como a “fenda da psykhē mítica”, a “emergência do corpo presente” e o “portal da terra sagrada”.
Patrícia Rosa-Mendes - A Espera da Loba, A Menopausa como Portal Iniciatório.
🌳 Vários livros de diversos territórios, lugares de resgate da polimorfa Imanência.
Peregrinações caleidoscópicas em profundidade, às raízes da identidade moderna, em todos os seus preconceitos, intrínseca violência e absurdas limitações. Diferentes jornadas de amor pela poesia da complexidade, da diversidade e da metamorfose. Tecelagens de histórias vivas que nos recordam do que esquecemos, da sacralidade do chão e da Vida. Complementos ao vício da transcendência, em rigor e responsabilidade.