Apesar da crueza do mundo, caminhamos sobre o mel

 

Num lugar vivo, profundo e escuro,
re-encontramos o néctar da Vida, o que se derrama pelo nosso corpo e por todos os corpos, das estrelas às pedras.

Dos peixes aos pássaros. Das árvores ao vento.

Somos mamíferos, de corpo biológico, constelações de vozes, complexas ecologias de remembramento.

Carregamos lutos, dores e angústias, trazemos dentro alegrias e pertença.

Não estamos sozinhos, pois caminhamos em conjunto com outros corpos dissonantes,
que se questionam, que transgridem e ousam sentir.

Quem está presente sente.

Brava e loucamente permitimo-nos acordar do torpor da normalidade e voltamos.

Aqui.

Abordar a complexidade pode parecer uma postura intelectualizada e abstracta,
uma perpetuação da violência devastadora e da dissociação.

Mas a complexidade deixa-nos a humildes, na relatividade da nossa própria experiência,
no gesticular em direcção à diversidade poli-vocal de contextos híbridos.

Sempre a transformar-se.

Sempre a mudar.

Nunca perfeita ou final.

O corpo macio e vulnerável conhece a complexidade de dentro para fora.

As ressonâncias biológicas multi-camada vivem e respiram complexidade,
através de todas as estações, nuances e potentes subtilezas.

Que recuperemos os recursos colectivos e afectivos de “ficar com o problema.”

{Yok’ol-kab — “O mundo” — Maias Yucatecas, Belize; Yok’ol-kab pode ser traduzido livremente como o mundo, mas a sua tradução literal é sobre o mel, reconhecendo a terra como a fonte de nutrição e bem-estar}

🌳 Vários livros de diversos territórios, lugares de resgate da polimorfa Imanência. 

Peregrinações caleidoscópicas em profundidade, às raízes da identidade moderna, em todos os seus preconceitos, intrínseca violência e absurdas limitações. Diferentes jornadas de amor pela poesia da complexidade, da diversidade e da metamorfose. Tecelagens de histórias vivas que nos recordam do que esquecemos, da sacralidade do chão e da Vida. Complementos ao vício da transcendência, em rigor e responsabilidade.