
A de olhos cinzentos subia o monte
De manto às costas subia o monte
Passo leve
Coração pesado
Alma desperta
~
Na sua mão uma pedra
Antiga
Uma oferenda
~
De pés descalços subia o monte
Sem pressa
Apesar da urgência
Devagar
~
Apesar do vento
Caminhava direita
Uma pedra gravada de memória
Um registo de cantos e ciclos
Na serpente enrolada
Gravada na pedra
Bem segura na palma da mão suada e firme
~
Subia o monte
A de olhos cinzentos
A que ainda escutava os ecos
A que conhecia os meandros
A que se lembrava
~
Sem pressa enterra a pedra
Ali no topo do monte vivo
Murmura um feitiço
De sal, barro e cinza
~
A pedra fica quente
Vibra
Canta
~
Há muito que os ossos da de olhos cinzentos jazem ao lado da pedra enterrada
Apesar do silêncio
Cantam em conjunto
E o monte ainda guarda a memória dos seus passos











