Nutrir estas histórias e os seus contextos não foi um processo académico, ou uma investigação laboratorial, linear ou clássica.
Este resgate é uma viagem sensorial, de conexão fractal, caleidoscópica e dendrítica, tanto cósmica como telúrica, abrindo espaço por entre dogmas e expectativas culturais, tateando texturas e sentires.
São contos resgatados através e pelo corpo, em movimento espontâneo, orgânico e vivo, descobrindo paisagens esquecidas, exiladas, mutiladas ou mesmo negligenciadas.
Nestas fabulações míticas a arcaica geografia da morte é naturalmente incluída como parte inerente da vida, tal como as paisagens de transição, incerteza e vulnerabilidade e os territórios desconhecidos, tanto os invisíveis e mesmo os perigosos, como os nossos ancestrais tão bem sabiam.
Estive a trabalhar intensivamente para as ilustrações do novo livro da @serpentedalua ! Foram todas desenhadas a impressas a linóleo.
Só agradeço à Sofia pelo convite, pela confiança total no meu mergulho, interpretação e expressão de cada conto que ela recebeu. A Sofia recorda-me sempre de que nada é inteiramente de ninguém, que o trabalho é todo e sempre para o mesmo, então que como teia todos temos sempre algo valioso acrescentar e a trazer também.
Ler estes contos foi uma viagem completa à nossa ancestralidade, ao subconsciente coletivo e da terra. Fizeram-me sonhar tanto, porque me desenterraram tantos símbolos, que as minhas noites ficaram ainda mais vivas. A capacidade da Sofia de trazer esta informação simbólica até as palavras e de levar cada palavra até à memória dos nossos ossos é admirável!
Obrigada, uma vez mais.
Estou feliz pela oportunidade de partilhar convosco a minha visão e traço neste livro, que só tem um potencial gigante!
Posters com as ilustrações para VENDA aqui!✨
Coube-me o privilégio, mas também a responsabilidade, de fazer a apresentação dos Contos da Serpente e da Lua, no seu lançamento. Uma tarefa difícil, pois como referi à Sofia, este livro remete-me ao silêncio. A um silêncio antigo, do tempo das mais remotas pedras destas paisagens.
As estórias, as mitologias, não são simplesmente “contadas”. Elas são guardiãs dos tempos e das estações, das culturas e do sagrado. Elas são guias e espíritos do próprio lugar. Não há nenhuma personagem de uma estória que não seja, ao mesmo tempo, uma identidade vinda desse lugar da Alma do mundo, os tais Outros, os Antigos, os não humanos (ainda que humanos possam ser).
As estórias da Sofia são estórias da nossa psique. Senti-as na pele, como uma ressonância ancestral que me ecoava nos poros. Lia-as pela primeira vez, mas conhecia-as, como aos seus caldeirões, xailes, máscaras, serras e pedras. É um livro que vai à chamada memória dos ossos, com toda a crueza, beleza e implacabilidade de uma boa narrativa mítica.
Para além do tanto que vem a seguir, com a sabedoria daquela que carrega o nome, Sofia, onde estes elementos são vistos e integrados nas suas variadas formas.
Este livro Re-membra-nos, como uma tecelagem oriunda da Alma Feminina. Com espanto e aceitação, silêncios e pausas para integrar sabedorias que nos pertencem, mas que nunca passaram pela mente, de tão antigas que são.
“O que quero trazer é que a imaginação nunca residiu apenas dentro das nossas cabeças, mas por todo o corpo, num diálogo e relação profunda com todo o cosmos.” Sofia Batalha
Recomendação de livro:
Os contos da Serpente e da Lua surpreenderam-me.
Este livro leva-nos a viajar pelos contos que Sofia Batalha criou mas também pelos contos que vivem dentro de nós e que querem ser contados. Aliás, é isso mesmo que a autora nos desafia a fazer. Está muito bem escrito e também deliciosamente ilustrado pela Carolina Mandrágora. Espreitem lá para dentro e se gostarem, atrevam-se a entrar.
Recomendo muito a leitura deste livro, profundamente enraizado na tradição portuguesa, dando corpo a mitos ficcionados tão vitais que parece que existem há muito muito tempo (e na realidade existem). Aqui os mitos, a ancestralidade, a memória, o mistério e a magia são raiz identitária, de poder e de soberania, verdadeiros fios de Ariadne para o âmago da cultura portuguesa, mas também para o território e para o espírito, sob uma perspectiva despida da lógica patriarcal, com protagonistas femininas.
As histórias são um elemento de construção pessoal e colectiva. Nesse sentido, uma das propostas deste livro é a ideia de que os mitos e as histórias são centrais na promoção da ecologia. Para mim a relação é óbvia. Tal como os movimentos indígenas americanos se sustentam nos seus mitos para proteger o seu território da avidez capitalista, também aqui na Europa podemos fazer esse caminho. Tendo em conta a hegemonia do pensamento racional e materialista por cá, muito há a fazer para integrar outro tipo de pensamento. Este livro da Sofia Batalha é um importante contributo nesse sentido. Parabéns, @serpentedalua! É um privilégio ler-te!
Um dos últimos livros que li. É em português. Há quase 5 anos que não leio nada nesta língua.
É como o toque do tambor vindo das profundezas, e caminhamos em direção ao som, para a floresta, bebemos da fonte sagrada e somos transportados para as profundezas da terra, para o ventre da Grande Serpente Mãe-Deusa.
Uma fonte de inspiração para aumentar os nossos esforços na criação de relações simbióticas com os espíritos antigos da terra; aqueles que guardam o conhecimento ancestral. Os guardiões dos sussurros intemporais que ecoam as vozes de gerações.
Entrar em casas cheias de memórias… e sentir a labuta das mãos entre cirandas, púcaros, vasilhas e panelas – desde o artesão à alquimista do nutrir.
Porque as mãos “não são apenas capazes de construir ferramentas; são também talismãs de profunda reverência ao mundo sensível envolvente, um cosmos vivo incrustado nas dimensões de cada dedo. São também mãos guardiãs, cuidando e nutrindo umas para as outras, semeando, moldando, tecendo, acariciando e segurando. Estas mãos também reproduzem e criam ritmos, pulsos e melodias antigas. Elas sabem cantar.”* E eu bem que as ouvi…
* Dos maravilhosos Contos da Serpente e da Lua, oferecidos pela @serpentedalua
Amo estórias, vivo para elas. Desde criança que passo horas a ler e a deleitar-me com estórias, a imaginá-las e a escutá-las. Sei, hoje, que a Vida é uma imensa teia de estórias que se interligam e suportam, e que são as estórias que dão fundamento a toda a nossa existência. Podemos chamar-lhes mitos, lendas, ideologias, romances, contos ou narrativas. Podemos encantar-nos com elas ou desconsiderá-las. Porém, elas são os nossos ossos. Fazem parte de nós, de uma forma tão instintiva e primordial como o nosso ADN. Então, venho partilhar o trabalho extraordinário de recuperação das estórias enquanto matriz de construção pessoal, colectiva e sistémica que é apresentado pela Sofia Batalha @serpentedalua neste seu livro, que tem tanto de investigação a um nível académico de topo, quanto de beleza encantadora típica dos contos de fadas. E com as belíssimas ilustrações da @carolinamandragora
Vale muito a pena ler.
Este é um daqueles livros que mais parece uma caixa de pandora!
Primeiro oferece-nos sete Contos que se entranham na nossa imaginação, até nos perdermos num novo mundo criado e alimentado pela autora @serpentedalua, bem como pelo potencial imaginativo de cada leitor. Depois este livro leva-nos ao saber técnico-científico-telúrico-ctónico-criativo que nos faz vibrar, reconhecer, aprender sobre o poder dos Contos.
A mim, como autora de um livro de Contos, trouxe-me uma validação externa e um sentimento de empoderamento e reconhecimento. Pela primeira vez pude dar nome e forma ao que sentia sobre o meu livro e à minha nova forma de escrever. Fez-me sentir mágica, por ter tido a sorte de ter acedido a uma sabedoria universal, feminina, humana. Obrigada Sofia Batalha por tamanho ensinamento e pelo reconhecimento da Imanência e pelo resgate da sabedoria dos elementos e guardiões da Terra.
Temas abordados no livro:
Xamanismo e mitologia ancestral ibérica, animismo, história profunda, imaginação radical, complexidade e sistemas.
Contos da Serpente e da Lua
Novo livro de Sofia Batalha
Ilustrações de Carolina Mandrágora
Prefácio de Élia Gonçalves
Edições Mahatma
Este livro e as suas histórias, é uma expressão de muitos lugares.
São sete contos de paisagens onde as mulheres não foram drasticamente obrigadas a esquecer a sua soberania, não foram violentadas, raptadas ou levadas à força. Aqui caminhamos deliberadamente numa paisagem mítica, feminina e ctónica, em intimidade visceral com as profundezas sagradas da terra, numa peregrinação imanente.
Os Contos da Serpente e da Lua seguem os princípios profundos da vivência xamânica e animista, sendo fabulações imaginadas e criativas de contos do lugar e dos ossos, segundo perspectivas ancestrais.
Algumas destas histórias chegaram-me através de sonhos que me aventurei a contar e a escrever. Outras foram recriações imaginadas de vários elementos míticos, desde contos dos lugares deste território e a sua simbologia nativa, até a fabulações de outros contos como o Capuchinho Vermelho ou a Cinderela.
Estes contos vivos foram-me oferecidos,
ofereci-os às minhas filhas e agora a quem os lê.
Sofia Batalha
Autora
Mamífera, autora, mulher-mãe
e tecelã de perguntas.
Desajeitada poetiza de prosas, sem conhecimentos gramaticais.
Peregrina pelas paisagens interiores
e exteriores, recordando práticas
antigas terrestres, em presença
radical, escuta activa, ecopsicologia, arte, êxtase e escrita.
Autora de nove livros e editora da
revista online Vento e Água – Ritmos da Terra, podcast Re-membrar os Ossos
e Conversas D’Além Mar.
serpentedalua.com / ventoeagua.com
sofiabatalha.com / casasimbolica.com
Insta: @serpentedalua
Carolina Mandrágora
Ilustradora
Sou Mulher, mãe, ecologista e artista sensível.
Dou voz e corpo a um mundo simbólico ancestral, da terra e dos seus ciclos.
Aporto a beleza e a inspiração como sendo a minha linguagem de esperança.
Sirvo também a escuta e o silêncio como dialeto central com movimento de toda a existência.
Insta: @carolinamandragora
Élia Gonçalves
Prefácio
Psicóloga
Terapeuta Transpessoal
Sub-Direção EDT – Escola Transpessoal
Contadora de Estórias
Mitologia Pessoal Criativa
Autora de O Mito de Ophídia
elia.gonçalves@escolatranspessoal.com