Espiritualidade Tóxica
Todos procuramos sentir-nos bem. No entanto, antes de adentrarmos os vários fios das nossas histórias, resgatando a sabedoria contextual, é preciso levantar os véus dos nossos pressupostos modernos.
Sanar e sagrar não são apenas movimentos humanos, e implicam integridade e humildade.
Acontece que o mercado do “bem-estar” contém a perversão da espiritualidade como produto, conforto, como apenas luz e extremamente hierárquica. Incluindo a positividade-tóxica e o reducionismo que mutilam a complexidade eco-sistémica única de cada um em relação com tudo o resto. Incluindo a perversa meritocracia do “eu fiz bem então mereço”, numa amnésia total da empatia.
A espiritualidade tóxica do bem-estar apresenta-se como mérito superficial e sem ética ou sequer responsabilidade pela sabedoria contextual de cada um, muito menos a essencial reciprocidade profunda para com o mundo/natureza/ecologia.
Dissocia e re-traumatiza numa viagem solitária e hiper-individualista, em vez de gentilmente assumir as nuances, dores e sombras entrelaçadas entre todos.
Entramos numa compulsão solucionista, de querer arranjar e concluir tudo para que “fiquemos bem” (a tirania da harmonia como lhe chamo) sistematicamente ignorando o que já sabemos, exilando a inteligência cíclica, sazonal e somática, do instinto e da intuição, numa violenta ilusão de estarmos sós. Perdemo-nos na adição e vício ao perfeccionismo e o vazio mantém-se.
Que possamos voltar inteiros em ternura e imanência. Que possamos pertencer de novo. ❤️
🌳 Vários livros de diversos territórios, lugares de resgate da polimorfa Imanência.
Peregrinações caleidoscópicas em profundidade, às raízes da identidade moderna, em todos os seus preconceitos, intrínseca violência e absurdas limitações. Diferentes jornadas de amor pela poesia da complexidade, da diversidade e da metamorfose. Tecelagens de histórias vivas que nos recordam do que esquecemos, da sacralidade do chão e da Vida. Complementos ao vício da transcendência, em rigor e responsabilidade.