A urgente e lenta tarefa de observar e conectar à mitologia do lugar não é um acto romântico ou nostálgico.

Não tem tempo ou prescrição. Mas uma faina ritual que exige esforço e dedicação, em responsabilidade.

Este relembrar não serve para encontrar essências, purezas, unidade ou sequer “missões nacionais”, e muito menos “portais”.

É uma labuta que expõe os padrões que geram estas lineares mono-narrativas culturais, as transcendentes, envolvidas em excepcionalismo heróico. Uma passagem orgânica de membranas e camadas de percepção. É uma peregrinação em profundidade e ternura. Uma humilde viagem à intimidade de quem somos, onde não somos o centro, estando apenas em pertença.

Inteiros e íntegros, sempre híbridos e diversos. Um colo quente e imanente pleno de histórias e sussurros. Um embalo antigo de sustento e nutrição, em diálogo com a sombra e a luz.

Uma jornada paradoxal tão dura como carinhosa, tão selvagem como delicada. Um empreendimento de vida e para a vida, em todas as suas cambiantes, fases e momentos. Assumimos o perpetrador em nós e ainda assim embalamos a vida e ela embala-nos de volta.