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Diferença entre um Labirinto (labyrinth) e um Dédalo (maze). Imagem daqui.

A (isolada) mente-dédalo
e o (relacional) corpo-labirinto

Antes de mais, precisamos de respirar. Longa e profundamente.
E mais uma vez. Sem pressa, apenas respirando.

Não nos podemos relacionar com este artigo exclusivamente com uma mente-dédalo, apesar de todos nós a termos muito activa. Disseram-nos para a fabricarmos isoladamente de forma a sermos aceites, pois precisamos de competir e ganhar sempre. Portanto, perdemo-nos dentro dos nossos pensamentos e necessidades.

Somos apanhados no paradoxo de sermos “lógicos”, para sempre aprisionados em barreiras que nos separam de relações e ligações profundas, rendendo-nos em responsabilidade.

Dédalo foi um arquitecto grego que construiu o recinto do Minotauro. O mítico Minotauro, meio-homem/meio-fera, simboliza a nossa mente selvagem, a potente cognição instintiva que nos incendeia. A raiz feroz da ligação primordial. Bruto e selvagem; por conseguinte, não responde à razão ou à lógica. Uma sociedade ordenada e civilizada, como a grega, teve de o prender. Devido à sua força devastadora, apenas quatro muros não o prenderiam, pelo que Dédalo planeou e construiu uma fuga impossível. Paredes altas e inexpugnáveis, cheias de esquinas, blocos e obstáculos, caminhos que não levam a lado nenhum. No mínimo uma experiência frustrante, um lugar cheio de possibilidades sem saída, onde a vida se extingue a si própria. A civilização estava agora a salvo da energia selvagem e primordial, dado que o Minotauro estaria para sempre perdido nesta prisão. Mas, na verdade, também todos nós.

Ao encarcerar o nosso eu instintivo, perdemos parte de quem somos; esquecemo-nos do corpo, negligenciando tragicamente a própria vida. O complemento relativamente desconhecido e antigo da mente-dédalo é o corpo-labirinto – um núcleo profundo e radical do ser: aquele que está ligado ao lugar e ao tempo. O corpo primordial de resposta e diálogo, aquele que se relaciona e sente. Os ossos da imaginação e o sangue da pertença.

Descobertas arqueológicas tomaram nota de antigas marca de labirintos – peregrinações sagradas de e para o centro. O labirinto é um caminho cerimonial feito não para aprisionar, mas para libertar, relacionar, recordar, e encontrar. O próprio corpo inteiro pode recuperar a redenção na consciência dos seus diversos conhecimentos, instintivos, intuição, ou lógica. Pode parecer uma via linear para uma mente-dédalo isolada, mas é uma forma multidimensional de reencontro, redimindo as subtilezas e as muitas vozes que nos abraçam, integrando e activando a vida.

Ao sentir-se perdido ou desconectado, entre num labirinto, pois ele irá mostrar-lhe o(s) caminho(s), não cortando ou aprisionando-o numa sala de espelhos lógicos, mas abrindo de novo o corpo em ligação essencial.

Agora, deixe todo o ar que está a reter. Gentilmente.

Imagem do topo daqui.