Dia-gnóstico
Quem estuda comigo, sabe que há dois pilares fundamentais na prática simbólica da Vida: o diagnóstico e o contexto.
Muitas vezes o refiro em aulas, práticas, palestras e conversas: o dia-gnóstico (aqui com hífen propositadamente) é como um tesouro que nos permite discernir as texturas, ‘nuances’ e poéticas dos múltiplos contextos em que estamos inseridos.
Não apenas o contexto topográfico ou cardeal, mas também o geológico, meteorológico, eco-sistémico, e ainda o cultural, histórico, social e familiar, não esquecendo o somático, emocional e cognitivo. É de uma enorme violência linearizar e reduzir o dia-gnóstico.
São múltiplas camadas vivas e sagradas que se interpenetram, transformando-se e fertilizando-se em conjunto. E é por isso que é tão importante resgatar o território do dia-gnóstico, reclamando os seus valiosos recantos complexos e selvagens. Para isso é preciso recordar que dia-gnóstico não é julgamento, nem conclusão única, mas a narrativa que emerge dos contextos vivos que nos sustêm.
Na sua origem “dia” significa em todo o lado (que mais tarde deu origem também a separar e a discernimento) e “gnose” é sabedoria, reconhecimento ou “saber”.
O dia-gnóstico convida-nos à observação mutável, fractal e orgânica, abrindo espaço à sabedoria do que fazer (ou não) a seguir. Acordamos a sabedoria primal de encontrar matrizes. Escutamos com o terceiro ouvido do coração, observamos com a terceira visão e damos espaço ao sexto sentido. Pois, a arte ancestral do diagnóstico não serve para controlar “os fins”, nem para julgar “os meios”, mas para pertencer à Vida.