⛰ As três almas
O binarismo absolutista e hierárquico previne ou evita que nos relacionemos integralmente com as coisas.
É a sabedoria do coração que nos ajuda a acolher diferentes perspectivas, em toda a sua diversidade e impermanência. O coração é o sítio onde a alma habita. A alma é tão delicada, gentil e potente, porque fala da nossa singularidade. Há perspetivas indígenas, com culturas contextuais com cosmologias e metafísicas diferentes da nossa, que falam da alma não como uma “coisa”, mas enquanto verbo e diálogo, o que nos dá outras pistas.
Estas são culturas que habitam na mesma paisagem há milhares de anos, caminhando literalmente sobre os ossos dos seus antepassados.
Numa perspetiva relacional é empoderador todas as histórias povoarem no lugar de pertença radical, pois uma das almas em diálogo e relação que nos habita pertence ao lugar de onde nascemos e crescemos. A paisagem que nutre as memórias mais antigas desses lugares familiares.
❤️Segundo esta perspectiva temos a alma da identidade – não é o mesmo conceito de identidade individual que o isolado e perigoso sentido ocidental nos ensina. Mas uma identidade contextual, sempre em relação nunca é isolada. A identidade dinâmica e responsiva que traz os talentos e potencialidades, o serviço e missão, e dos propósitos de vida. Pois, os propósitos ao longo da vida são vários e dinâmicos, muito mais ricos e verdadeiros que apenas um propósito. Todos o sabemos porque já passamos por metamorfoses, que faz parte de todo o processo de redescoberta.
Temos a alma que pertence às estrelas que é irrepetível e que volta ao centro do universo cada vez que o nosso corpo orgânico morre.
Estas três almas em conjunto compõem-nos, a do lugar, do coração e das estrelas. A memória do lugar, a sua frequência e estrutura, os nossos dons, talentos, potencialidades, serviços e a singularidade das estrelas e tudo isto habita também no nosso coração.