Coleção Casa Simbólica

Uma Casa Feliz

Um Lugar Feliz

Pequeno Livro da Imanência

Associações de Feng Shui

Como consultora de Feng Shui já tive muitos momentos e fases, pois é sempre um processo vivo, orgânico e transformador que se fertiliza com a própria vida. Ser consultor de Feng Shui é sempre uma aprendizagem em que nunca chegamos realmente a um lugar onde possamos dizer que sabemos tudo o que há para saber, onde chegamos ao fim da linha.

O desafio é partilhar as mudanças com o público, quem nos ouve, sejam alunos ou clientes.

A questão é que a identidade profissional costuma cristalizar numa categoria específica e bem limitada de toda a real prática. Este confinamento circunscreve e mutila nomeadamente a ideia do que possamos ou não fazer, limitando a nossa ação e prática a um conjunto de características que nos é atribuída, mesmo que seja ou não verdade, mesmo que estejam ou não atualizadas. Amputando e negligenciando o movimento vivo de constante transmutação. Na verdade, o único lugar que consegue albergar a integridade de quem somos, nas nossas muitas vozes, fases, momentos, sabedorias, sensações e inteligências é de facto o limiar de cada transformação, pois é aí que nos reencontramos uma e outra vez.

Ao longo do meu percurso como profissional de Feng Shui tenho feito muitas coisas (e maioria delas nem sequer têm a ver com Feng Shui ou metafísica chinesa), desde recriar métodos experienciais, a escrever livros sobre os mesmos, estruturar cursos, formações, workshops, a certificar profissionais da área e claro, atender clientes em consulta. E também fiz parte de associações profissionais de Feng Shui.

Durante cerca de sete anos fiz parte da Feng Shui Guild e posteriormente da Feng Shui Society. Supostamente o objetivo destas entidades é a regulação ética e de qualidade da prática Feng Shui, pois, sendo uma prática feita primordialmente no lugar mais íntimo do cliente, ou seja, na sua casa, é essencial que haja uma regulação mínima de boas práticas.

Por um lado há muitos profissionais responsáveis que doam do seu tempo para gerir, estruturar e dar resposta às várias necessidades e desafios que esta profissão desencadeia. Por outro lado, para o grande público, o facto de existir um emblema, um selo de vínculo a uma associação destas transmite a sensação de qualidade e uma segurança acrescida no profissional.

No entanto, no início do ano passado desvinculei-me de ambas as associações. Porquê?

Exatamente porque pertencer a uma destas associações e colocar o seu selo em conjunto com o nosso trabalho pode ser altamente enganador. É preciso notar que estas associações não garantem a qualidade ou a ética de todos os praticantes a ela associados. Como prática alternativa a regulação efetiva, principalmente em termos éticos (seja na forma como se interage com o cliente, seja nos valores cobrados), é realmente impossível.

E, por essa razão, desvinculei-me profissionalmente destas associações, pois elas não aferem nem atestam, seja a qualidade do meu serviço prestado, assim como a qualidade dos meus conteúdos, ou sequer a ética porque me rejo em todas as áreas da minha vida.

Para o grande público posso ter perdido um selo de qualidade, mas, na verdade, isso é apenas para quem não me conhece.